domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Natureza das alianças divinas

Por Marcelo Berti

A intenção do presente capítulo é expor uma definição consistente de Alianças. Duas exigências são estipuladas: Que a definição seja, ao mesmo tempo (1) Abrangente o suficiente para abranger os dados da Escritura e (2) E singular quanto necessário para se aliar com a integridade da história bíblica.


A Aliança é um Pacto

“Nada está mais perto do conceito bíblico de aliança que a imagem de um laço inviolável” (pp.10). Segundo o autor o estudo léxico do termo “berit” tem se tornado inconclusivo para obtenção de um significado plausível para o sentido da palavra.

“Noth é a favor da sugestão de que ‘aliança’ deriva do acadiano birit, que se relaciona com a preposição hebraica “beit” “entre”. Ele elabora um processo de passo-multiplo pelo qual o termo atingiu independência adverbial por meio da frase “matar um asno de entre meio”, assumiu o sentido de “meditação” que conseqüentemente requerei a introdução de uma segunda preposição “entre” e, finalmente, evoluiu para a palavra normal ‘aliança’, que poderia ser usada com outros verbos além do verbo ‘cortar’ (entre)” (pp11 nota de rodapé).

“O uso contextual do termo nas escrituras indica, de maneira razoavelmente consistente, o conceito de ‘pacto’ ou ‘relacionamento’” (pp.10-11). A idéia de pacto deve ser somada a idéia de relacionamento, visto ser aplicada assim nas escrituras, onde ou o homem ou Deus faz alianças. O ponto alto da aliança é destacado por McCarthy, que diz nas palavras de Palmer Robertson: “…é a inter-relação pessoal de Deus com o seu povo que está no coração da aliança” (pp11 nota de roda pé).


A Aliança é um Pacto de Sangue

A idéia de Pacto de sangue expressa o caráter de absoluto compromisso entre Deus e o homem. Talvez seja desse ponto que se note a possibilidade de que a aliança implique em obrigação. Contudo, não podemos confundir significado e implicação. O significado permanece inalterado diante das aplicações que lhe cabem. Portanto, afirmar que o significado básico de berit seja um pacto, aliança somado ao conceito de relacionamento permanece mais consistente, apesar de suas implicações. Logo, absoluto compromisso e obrigação podem ser aplicados sem que a essência do significado de berit sejam perdidos.

“Em iniciando alianças, Deus jamais entra em relação casual ou informal com o homem. Em lugar disso, as implicações de seus pactos estendem-se às ultimas conseqüências de vida e morte” (pp.13). Para explicar esse conceito apresentado, Robertson discorre sobre a realidade do casos bíblicos em que está em cena o termo e o conceito de aliança. Como demonstra, com muitos outros detalhes, existe estreita ligação entre o conceito de “cortar” e estabelecer uma aliança, chegando a sugerir que signifique “cortar uma aliança”. De onde surge tal ligação? Robertson explica que “a medida que se faz uma aliança, animais são ‘cortados’ em cerimônia ritual. O exemplo mais claro deste procedimento nas escrituras acha-se em Gênesis 15, no tempo em que foi feita a aliança abraâmica” (pp.15). Dessa forma, podemos dizer que a aliança foi “feita” ou “cortada”. A explicação mais correta seria que a “divisão dos animais simboliza um ‘penhor de morte’, no momento de compromisso da aliança. Os animais desmembrados representam a maldição que o autor do pacto invoca sobre si mesmo caso viole o compromisso que fez” (pp.15) (cf. Jr.34.18-20). Por isso, diz-se que uma aliança é na verdade um pacto de sangue, um pacto de vida ou morte. Essa definição está em consonância com Hb.9.22.


A Aliança é um Pacto de Sangue Soberanamente Administrado

Em relação às Alianças estabelecidas entre Deus e o homem, não existe negócio nem barganha, mas, apenas o Senhor Soberano, que dita as exigências e termos de sua Aliança. A idéia de administração soberana e aliança parece muito própria, visto reconhecer o controle de Deus sobre suas Alianças e considera-lo com aquele que, não apenas estabelece, mas efetiva no tempo que quer, conforme Seu querer.

Fonte: Teologando
Artigo publicado pelo editor do Teologando a partir de sua reflexão ao livro Cristo dos Pactos de O. Palmer Robertson feito em 2005 para o curso Obra Redentora, ministrado pelo mesmo.

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